quinta-feira, 9 de junho de 2011

Patifaria e estupidez religiosas...Basta!

O motivo que me levou a escrever este post foi um par de vídeos que chegou até mim através de amigos na internet. Em um deles, um pastor evangélico pedia que os fiéis doassem não os 10% de dízimo na época de Natal, mas 30% (dízimo quer dizer 10%, assim o absurdo já começa aí). No outro vídeo, outro pastor evangélico pedia que os fiéis doassem o equivalente a 1 mês de seus aluguéis de moradia. Bom, pedir, em si, não é tão grave, mas a forma com que pedem, levando o fiél a acreditar que, caso não doem, estarão "ofendendo" a Deus...ahhh, isso é demais.

Outro fator que me deixou ainda mais incomodado foi que alguns desses fiéis, tendo visto a indignação de outros nos comentários dos vídeos no YouTube, passaram a defender tais pedidos de dízimo exagerados, publicando argumentos totalmente descabidos, sem nexo e aleatórios. Realmente, a lavagem cerebral é mais forte do que se imagina.

Veja os tais vídeos a seguir:



Mas, o que realmente me incomoda nisso tudo?! Não, não é intolerância religiosa! Não sou contra nenhuma religião em particular, nem contra o tal dízimo (afinal, as Igrejas precisam sobreviver e oferecem serviços "gratuitos"...). Minha indignação é contra o abuso, contra o uso de táticas de lavagem cerebral através da ignorância da população que carece de cultura e educação, o uso de psicologia do medo que "força" as pessoas a tomarem ações por receio daquilo sobre o qual não tem defesa (a tal ira, ou castigo "divino"). Isso me indigna, me causa nojo...

Contudo, os tais fiéis, sem perceber que estão sendo lesados por um bando de picaretas que há por aí (não digo que todos sejam picaretas, mas que há um bom número deles soltos por esses tais templos de espiritualidade), ainda partem em sua defesa quando aqueles que conseguem enxergar as picaretagens se pronunciam. Tais fiéis, sem ter argumentos sólidos, ou capacidade de pensarem por si mesmos, soltam jargões religiosos, ameaças de castigo divino, palavras desconexas desprovidas de qualquer razão.

Antes de prosseguir, que seja feita uma observação aqui. Sim, sou agnóstico. E, como agnóstico, não afirmo a inexistência de Deus, como também não atesto sua existência. Não sou contra qualquer tipo de fé, contanto que não seja uma fé cega. A fé que não consegue explicar a si mesma, nem que pela simples afirmação de um "acredito porque escolho acreditar, e pronto!", essa fé é "estúpida". A fé que conclui, em tom definitivo, que seus seguidores estão certos e os não-crentes estão errados, mas falham em prover argumentos "sólidos", essa fé é estúpida. Assim como, para não parecer estar apenas atacando a fé religiosa, também afirmo que é estúpido aquele que é ateu sem razão, que, sem justificativas minimamente plausíveis, afirmam não haver um Deus, apenas por uma afirmação vazia.

Fanatismo é estupidez, assim como generalismos. Devemos estar sempre de olhos e mentes abertos, sempre nos questionando de nossas escolhas, mesmo que optemos por algo que não consigamos explicar. Devemos saber o que, dentro de nós, é uma escolha, discernindo escolhas de certezas, de conhecimentos.

Crer, como já diz a própria palavra, significa acreditar. Acreditar não é o mesmo que saber, conhecer. Acreditar significa escolher a crença em algo, seja por qual motivação que seja a levar à essa escolha. E, assim, a crença, a fé, essas são elementos da psiquê humana, de sua espiritualidade, que se originam através de algo que o homem não conhece, mas que por algum motivo cria, sente, e opta por tomar determinada crença como algo válido, possível, viável.

Mas, daí a começar a afirmar que uma crença é uma verdade absoluta...me desculpem, isso é estupidez. OK, sei que se você opta por acreditar em algo, então você precisa crer que esse algo seja verdade. Tudo bem! Então, no mínimo, busque argumentos plausíveis! Ficar citando códices canônicos, Bíblia pra cá e pra lá, sendo que nem um quinto (se não ainda menos) tem a capacidade de entender, realmente, o que esses livros religiosos estão dizendo...baboseiras!

Há muita gente por aí que mal sabe ler direito, que dirá fazer interpretação de textos. E, só porquê carregam uma Bíblia (ou seja que livro fôr) debaixo do braço, pra lá e pra cá, já se acham experts no assunto. Acham que frequentar uma missa, carregar um livro "sagrado" que lêem aleatoriamente vez por outra os torna especialistas no assunto. Baboseira tremenda!!! Repetem versos fora de contexto, desconhecem as histórias por trás dos escritos, não fazem idéia do que seja uma metáfora, ou uma parábola...mas, se julgam plenos conhecedores dos assuntos religiosos.

Os textos religiosos, em sua grande maioria, foram escritos há séculos, ou mesmo milênios, por sabe-se lá quem! Alguns foram escritos até mesmo séculos depois dos acontecimentos que relatam, os depois da morte daqueles aos quais atribuem os dizeres. Como ter certeza de quem os escreveu então, e com qual intuito, e com qual significado, ou através de que recurso de estilo ou discurso?! E há aqueles que tomam cada palavra desses textos como verdades literais!!! Mesmo havendo provas incontestáveis, através da ciência, sobre algumas verdades do mundo e do homem, ainda há quem acredite que o mundo foi criado, literalmente, em menos de 7 dias, que Deus era como um administrador de sistemas da informação, que ao clicar de um botão, "puff", lá surgia a luz, ou as águas, e assim por diante.

Como há, também, aqueles religiosos mais cultos, que resolvem estudar os textos da ciência, numa busca de gerar plausibilidade em seus argumentos. Algo do tipo, "vamos conhecer nossos 'inimigos', para melhor saber contra atacá-los", ou do tipo, "vamos buscar os argumentos da oposição, de modo a podermos nos justificar de modo a convencê-los de que estão errados". E, numa busca pela internet para escrever esse artigo, encontrei um desses textos, aparentemente transformado em livro. O texto encontrado foi esse (em Inglês): http://www.answersingenesis.org/articles/nab/is-there-really-a-god

Alguns, nessa busca desesperada pela conversão dos não-crentes, utilizam-se de lógica bastante "furada", trabalhando através de paralelismos de pensamento bastante duvidosos (me fugiu a expressão adequada), chegando a conclusões estranhas por caminhos tortuosos em seu modo de pensar. Basta ler o texto no link/URL citado, na íntegra, para notar as falhas lógicas na cadeia de pensamento. Não citarei o texto aqui, pois esse post já está ficando bastante longo...quem sabe num próximo post.

Enfim, a grande questão é que muitos querem usar a religião como muleta. Usam a religião para não se responsabilizarem por seus próprios atos. Quando acontece alguma desgraça, não é por que erraram em algo, é porque "assim quis Deus". Tudo vira uma grande desculpa, uma isenção de culpa por seus erros. O sujeito constrói uma casa à beira de um barranco, e quando essa casa (ou diria, barraco, na maioria dos casos) vai abaixo após uma forte chuva, a culpa não foi dele...Deus assim quis que acontecesse! As pessoas se refugiam na religião.

Pior é quando são hipócritas dentro dela mesmo, como já vi acontecer por diversas vezes. Alguns vivem dizendo como seu profeta ou mártir religioso sempre pregava a solidariedade e o perdão, mas tais fiéis são intensamente intolerantes, preconceituosos, agressivos, não-solidários, e assim pro diante.

Basta ver suas reações com relação aos não-crentes, como nós, agnósticos e/ou ateus. Basta ver a história no caso da Inquisição, por exemplo. Essa que é outro exemplo de hipocrisia e contradição total. A Igreja católica pregava o perdão, como ensinado por Jesus Cristo, mas ao mesmo tempo condenava, torturava e matava em seu nome!

Os não-crentes muitas vezes sentem-se acuados em revelar suas opções com relação à religião, pois são olhados com desprezo pelos "crentes". Muitas vezes, somos forçados a ficarmos calados sobre nossas escolhas nessa área. Afinal, ficar falando o quanto se crê em Deus, o quanto se reza, coisa e tal, é bonito na sociedade. Falar da não-crença parece um absurdo aos olhos dessa. Realmente, não entendo nem aceito isso, pois é um tipo de preconceito que sofremos, mesmo que velado em certos momentos. Somos obrigados a ouvir discursos enquanto tentam nos converter, mas se fizermos o oposto, tentarmos convertê-los à nossa causa...imagine o horror dessas pessoa em relação a nós!

Enfim, como disse no início, não sou contra religiões, nem contra crenças. Em alguns pontos, chego mesmo a ver os benefícios nelas contidos. O que me incomoda é a intolerância, o preconceito praticado pelos tais "crentes" (e com crente quero dizer aquele que possua alguma crença). O que me incomoda é a fé cega, desprovida de qualquer sombra de pensamento!

Posso estar errado em meu agnosticismo, mas eu afirmo isso. Afirmo que não sou o detentor da verdade do mundo (como afirmam os agnósticos em geral), apenas que opto por pensar dessa forma, por motivos X ou Y, mas que, se provado errado, posso alterar minha forma de pensar, de crer. Apenas acho que seria muito benéfico se a maioria dos "crentes" fizessem o mesmo. Acredito que o mundo seria muito mais tolerante e pacífico...

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