quarta-feira, 19 de janeiro de 2011

Felicidade está lá...longe!

Afinal, o que é felicidade?! A palavra, conhecemos...o sentimento, suspeitamos conhecer...a felicidade de fato, o conceito puro, a plenitude de tal coisa, isso ainda está por ser descoberto, e talvez por raros seres bem afortunados. Talvez, encontrar a felicidade plena seja encontrar a plenitude em si, ou seja, seria atingir o aclamado "nirvana" budista, ou a "iluminação completa" do espiritismo. O que significa estar numa realidade superior a todas as nossas realidades terrenas.

Ser plenamente feliz é estar livre do desejo, pois o desejo é um elemento que nos distrai, nos faz querer sempre mais do que temos...e quanto mais conseguimos, mais queremos, ou queremos aquilo que já possuíamos e optamos por deixar para trás de modo a conseguirmos algo novo. O que me lembra um pouco da história de "Fausto", de Goethe, onde o demônio que o tentava era nada mais que o símbolo do desejo humano de sempre querer mais, de nunca estarmos satisfeitos...o que de certa forma é bom, pois nos move para frente, nos faz buscar sempre mais, nos levando a novas conquistas, que vez ou outra trazem benefícios, tanto pessoais como para a humanidade.

Enfim, estava conversando online com uma querida amiga (a Mari M.) sobre o assunto, e eis que ela me fornece um excelente poema (sem título), do brilhante poeta português Fernando Pessoa, que transcrevo abaixo:

"Se estou só, quero não estar,
Se não estou, quero estar só,
Enfim, quero sempre estar
Da maneira que não estou.


Ser feliz é ser aquele.
E aquele não é feliz,
Porque pensa dentro dele
E não dentro do que eu quis.


A gente faz o que quer
Daquilo que não é nada,
Mas falha se o não fizer,
Fica perdido na estrada."

Ou seja, nunca estamos satisfeitos! Aquilo que nos move é o desejo de querermos aquilo que não temos. Quem está solteiro quer alguém para amar. Quem tem alguém, quer estar livre e independente. Sempre há algo que nos impede de sermos plenos, de sermos felizes. O que não signifique que não tenhamos momentos de felicidade! Isso, temos mesmo! Mas, são momentos. Difícil é encontrar alguém que esteja verdadeiramente feliz, todo o tempo. Isso é raríssimo, coisa do "nirvana" mencionado acima.

Como dizem há milênios, a grama é sempre mais verde no pasto vizinho, o pomar do outro sempre tem mais frutos, a esposa do próximo é sempre mais bela e voluptuosa... Isso é cansativo demais! A cobiça, a luxúria...essas são irmãs próximas, o querer sempre mais aquilo que não se tem, ou aquilo que se tem, mas nunca é suficiente na quantidade que queremos. Isso é a inveja, o querer o que o outro tem.

Mas, o poema de Fernando Pessoa não fala só disso. Fala sobre querer estar num estado diferente do que se está. Imagine que você está num vale florido e enxerga um monte, belo e verdejante. Então, você quer estar naquele monte, que parece mais belo do que o vale florido onde está. Afinal, você já conhece o vale florido, está nele, já foi atingido. Então, com todo o esforço, você conquista o monte. Que bela visão, que lindo vale florido pode ver do topo dele. Opa, mas agora você está num monte verdejante que já conhece, e não mais naquele vale florido lá embaixo. Assim, começa um processo de subir e descer o monte, sempre estando onde não queria estar, buscando o lugar que parece melhor, pois está longe de você. Até que, em dado momento, cansa-se do vale e do monte. Entra numa crise existencial de já não haver mais o que conquistar. Até que aparece, ao longe, uma praia, um mar...e lá vai você em busca de algo novo para consquistar.

E assim isso vai, com tudo na vida. Sempre buscando aquilo que não temos, seja um novo amor, novos amigos, um novo emprego, uma nova casa, uma nova vida... Bom, e assim se vai meu pensamento...que já travou agora, de tanta coisa, pois já acabou por vislumbrar vários novos assuntos a serem pensados, e que tornar-se-ão novos posts daqui a pouco.

Enfim, e para quem quiser ler um pouco mais dos poemas de Fernando Pessoa, há muitos por aí na web. Eu retirei o que coloquei aqui no post do seguinte link: http://www.revista.agulha.nom.br/1fpessoa032p.html

3 comentários:

Carol disse...

Um começo e viver o hoje e dar valor as pequenas coisas que nos dão prazer, ao momentos com pessoas que gostamos, por que pelo que parece felicidade é um momento e não um estado que se alcança. Além do mais, somos humamos, cheios de falhas, desejos e expectativas (muitas vezes frustradas). Nunca conheci alguem que foi "feliz pra sempre".

Unknown disse...

Acho que a grande complexidade do ser humano está aí... Jamais estaremos satisfeitos e o dia em que tivermos não haverá mais nada a ser feito, nada que já não conhecemos e aí a mágica, tudo se acaba...
Portanto, acho que seremos sempre um pedra bruta que deve ser polida e é disso que se trata a vida...

É Dan, nossa discussão ontem rendeu!
Beijo

RedBeard79 disse...

Pois é, Mari...nossa discussão rendeu mesmo!!!...rsrs.
Mas, acredito, de certa forma, nessa possível felicidade plena, no "não precisar buscar mais nada", pois aí estaríamos entrando numa outra fase de evolução do espírito, que seria não mais a do querer, e sim a do "fazer", realizar o que precisa ser realizado, e não simplesmente o que queremos/desejamos realizar...é disso que se trata o tal Nirvana, etc.
Enfim, assunto pra outros posts...e mto mais conversas...rsrs.
Bjos

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