quarta-feira, 19 de janeiro de 2011

Ignorância é uma benção (em termos)!

Pensar demais...a maldição do HiperCog!
Sempre me lembro de um trecho de uma carta de Fernando Pessoa a algum amigo, onde ele dizia que os pensamentos eram, em sua cabeça, como uma enxame de abelhas desordenado e revolto, cada pensamento demandando sua atenção, ao mesmo tempo em que os outros. E assim é ser um HiperCog, como sou, entre vários outros por aí!

E se pensar demais soa como uma maldição, conhecer demais é outra, de forma diferente. Quanto mais conhecimento, mas notamos que há mais por saber, ou seja, que menos conhecemos. Saber nos faz perceber nossa ignorância, nos dá essa capacidade. E Sócrates (o filósofo, não o futebolista) já dizia: "Tudo que sei é que nada sei"! Talvez a intenção dele fosse diversa à apresentada aqui, mas enfim...

[ok, perdi um pouco o foco agora, tendo pausado para ir comer bisnaguinhas com requeijão...uma delícia. Um cream cheese relativamente novo, da mesma marca de um "queijo tipo fresco" conhecido...engraçado como o gosto do cream cheese mantém semelhança com o queijo original, mesmo caso de uma manteiga famosa que também mantém o sabor em seu cream cheese...interessante. Ops, voltando ao assunto, ou tentando voltar...]

Mas, em mesma conversa anteriormente citada com a querida amiga Mari M., que me mandou outro poema do brilhante Fernando Pessoa, que citarei mais abaixo. Mas, antes, falo de um outro, que ao buscar o poema recebido dessa amiga, achei outro de conteúdo semelhante, esse contendo algo que eu já pensava há muito também: "como seria simplesmente ser uma pedra?". Pois, se eu fosse uma pedra, eu simplesmente "seria", e nada mais. Não teria o conhecimento de sê-lo, não teria dúvidas, nem necessidades...apenas a tranquilidade da existência.

Enfim, segue o poema (sem título):

"Quanto mais fundamente penso, mais
Profundamente me descompreendo.
O saber é a inconsciência de ignorar...


Só a inocência e a ignorância são
Felizes, mas não o sabem. São-no ou não?
Que é ser sem o saber? Ser, como a pedra,
Um lugar, nada mais."

Ou seja, o conhecimento da própria existência é o tormento da própria existência. Ser, simplesmente ser, seria o absoluto 'êxtase', a plenitude, pois nada mais necessitaria de conquista ou preocupação. Simplesmente "ser" significaria não ter mais nada com que se preocupar, nenhuma tormenta existencial ou carnal ou espiritual, e assim por diante. Muitas vezes penso que a morte deveria ser assim, simplesmente deixaríamos de existir (e eu deixaria de usar a palavra "simplesmente", que tem me torrado a paciência pedindo pra entrar repetidamente nesse post). Esse lance do espiritismo e do budismo, com o infindável ciclo de reencarnações, ou a alma eterna de outras religiões, como o catolicismo, me parecem um terrível tormento. Há momentos em que eu gostaria de apenas deixar de ser, sumir, como se nunca houvesse existido. Pela eternidade livre de problemas...ou melhor, que eternidade o quê, se eu deixasse de existir por completo, não haveria mais qualquer rastro de mim, e eternidade não seria mais um conceito aplicável, ainda mais, não havia qualquer conceito.

Agora, citando o poema que minha amiga me enviou:

"Quanto mais claro
Vejo em mim, mais escuro é o que vejo.
Quanto mais compreendo
Menos me sinto compreendido. Ó horror
paradoxal deste pensar..."

Aqui volto ao horror do conhecimento, afirmação que cria um paradoxo, pois o conhecimento é horror e plenitude. Pois, ao mesmo tempo em que o conhecimento é a nobreza da alma (ou de alguma outra coisa que ainda não descobri, ou estou sem paciência para tentar descobrir agora), ele também gera uma infinidade de perguntas sobre outras coisas sobre as quais ainda não temos conhecimento. Ou seja, quanto mais sabemos, mais notamos aquilo sobre o que não sabemos, e assim ansiamos por sabê-lo. Quanto mais descobrimos sobre nós mesmos, exponencialmente abrimos o leque de elementos sobre os quais não compreendemos ainda, e surge uma bola de neve que nos toma por completo.

Enfim (outra palavra que me persegue), já me dispersei no que estava pensando, sem mesmo ter conseguido explicar-me sobre aquilo que mentalmente contemplava. Esse é outro mal sofrido pelos HiperCognianos, o de viver numa prisão mental, onde os pensamentos perdem toda a força na tentativa de serem exteriorizados pela fala, ainda mais pela escrita. Apenas no tempo tomado pelo envio do impulso neural do cérebro à mão, ou ao instrumento da fala, e todo o ímpeto mental perde a força, dispersa-se...e acaba aqui esse post!

P.S.: a propósito, na busca pelos poemas supra-citados, acabei por chegar a esse site, com uma bela coleção de poemas de Fernando Pessoa: http://www.astormentas.com/pessoa.htm

2 comentários:

Unknown disse...

Conhecimento é Sofrimento!
Mas como dissemos ontem, acho que é um preço que estamos dispostos a pagar, não é mesmo Dan?

Um Beijo na testa

RedBeard79 disse...

Pois é, Mari...conhecer é sofrer, especialmente pra nós, que não sabemos o que fazemos com esse conhecimento.rsrsrs. Quero aprender a usá-lo apropriadamente...um dia!...rs.
Bjos mais.

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