domingo, 17 de abril de 2011

Você se torna eternamente responsável por aquilo que cativas...

Poucos, muito poucos, entendem a verdadeira essência dessa frase, que talvez nem mesmo Exupéry tenha totalmente compreendido. Presente nas citações de quase todas as garotinhas (algumas já de certa idade considerável) que a conhecem, essas não fazem qualquer idéia do que significa tal citação, apenas acham "bonitnhas" tais palavras, querem mostrar algo que acham ser culto, querem colocar algo para que as pessoas vejam...

As reações a essa frase também são variadas. Há o grupo do "dane-se" o mundo, não sou responsável por nada nem ninguém além de mim mesmo. Há o grupo de raciocínio perdido, que teme ser responsável por qualquer emoção que lhes seja direcionada. Há o grupo que não entende que responsabilidade e que cativar são esses da frase presente no Pequeno Príncipe.

Cativar algo significa realizar ação geradora de reação positiva e permanente (mesmo que não eterna) por parte de outrém. Cativar não quer dizer interesse espontâneo, surgido do nada. Isso é atração! E não temos qualquer responsibilidade sobre atração não-proposital, não temos "culpa"...

Ou seja, temos responsibilidade, sim, quando intencionalmente cativamos, ou quando agimos de forma a despertar admiração em outra pessoa, por algo que fizemos diretamente e conscientemente em presença daquele que cativamos!

Mas, responsabilidade não quer dizer obrigação de cuidados! Não geramos, nesse feito, um filho a colocarmos no mundo...não temos a responsabilidade de cuidados parentais! Temos a obrigação, sim, de respeito ao sentimento que acabamos por gerar através de nossas ações conscientes, mesmo que não direcionadas ao propósito primeiro de cativar, de obter admiração direta...


Enfim, peço perdão por minha falta de paciência nesse momento. Razões pessoais me impedem, nessa hora, de desenhar o óbvio para os que têm a preguiça de raciocínio, ou a incapacidade da dedução lógica efetiva, ou coisas do tipo.

Apenas digo que, sim, temos responsabilidade "eterna" (apesar de ser algo relativo) por aquilo que cativamos, não no sentido de cuidados assistenciais, mas no de respeito aos sentimentos alheio. Também digo que, não, não somos responsáveis por atração, que é diferente do ato cativar. E, por fim, digo que me incomoda que fica se utilizando de frases de efeito sem qualquer sinal de entendê-las efetivamente, apenas para dar a impressão de conhecimento (famosa "cara de conteúdo"), ou porquê ache algo "bonitinho", mesmo que não faça idéia do que signifique. Vivemos num mundo "social" e, se você está colocando coisas por aí para que outros leiam, favor usar de "bom senso", colocando algo que entenda (mesmo que seja conteúdo de jardim de infância), pois se quer que alguém leia, respeite a mente de seu público (por diversos motivos).

5 comentários:

Eloá disse...

Nossa, hoje eu estava procurando um texto que falasse sobre o verdadeiro significado dessa frase e vim parar aqui, e vi que você publicou esse post exatamente hoje. Coincidência! Terminei de ler O Pequeno Príncipe hoje e é como você falou, essa frase é moda entre as adolescentes, e a maioria delas nem sabe o que a citação realmente quer dizer e se utilizam dela só para dar a impressão de conhecimento. Adorei o post e o blog e já estou seguindo. :)

HiperCognitivo disse...

Obrigado, Eloá!
E, que coincidência mesmo, neh?! Fico contente por ter gostado, e por estar me seguindo agora.
Bjos

Anônimo disse...

A subjetividade do texto literário permite o seu uso em diversas circunstâncias. Isso, faz com que o seu entendimento, ou interpretação fique subordinado ao contexto no qual está inserido. Portanto, ninguém precisa ter profunda compreensão semântica das célebres frases para usá-las, assim como ninguém precisa estudar música erudita para apreciar Aleluia, de Handel.
Antonio Freire

HiperCognitivo disse...

Bom, vamos à resposta...tentarei, aqui, responder com calma, de modo lógico-dedutivo, e sem menções a acadêmicos famosos ou citações de obras/ditos dos mesmos...

Primeiramente, o post, aqui, anteriormente redigido, pretendia não tratar da obra de Saint Exupéry em si, ou qualquer parte específica dela, como bem pode ser visto no texto, quando lido na íntegra...mas, sim, fez referência a uma frase do texto do referido autor apenas para tratar da questão do uso de frases conhecidas, porém sem qualquer reflexão de seu conteúdo explícito, ou mesmo implícito...a questão era mais uma reflexão sobre o que quer, realmente, dizer a palavra e o sentimento de "cativar" algo...é sobre isso que o texto do post foi escrito.
Segundo, a subjetividade do texto literário pode, sim, obviamente, permitir seu uso em diversas circunstâncias, tornando seu uso subordinado ao contexto ao qual está inserido...isso está claro. Porém, minha crítica foi ao uso de frases retiradas de obras conhecidas sem qualquer contexto associado a elas, e pelo simples desejo de demonstrar um falso conhecimento da referida citação, ou sem qualquer nexo a ela ligado. Digo isso referindo-me a pessoas que gostam de aparentar algum tipo de intelectualidade ou coisa afim, mas sem compreender qualquer conhecimento real ligado ao texto que citam...
Ademais, realmente ninguém precisa estudar música erudita para apreciar Aleluia, de Handel...e isso traz mais um ponto à questão...como a própria citação de Freire diz, "apreciar" não necessita de estudo...pode-se, então, muito bem apreciar (e ênfase no "apreciar") as palavras de Exupéry...agora, entender o que elas querem realmente dizer, ou o que o conteúdo semântico, ou filosófico, por trás de tais palavras significam, daí é uma história completamente diferente...afinal, mesmo apreciando, não faria qualquer sentido alguém sair por aí dizendo ser exímio entendedor de Handel apenas por ter ouvido um pequeno trecho de Aleluia, e ainda começar a explicar o tal trecho, associando-o a algo completamente sem relação ao que a música de Handel tem em sua composição...

De qualquer forma, vivemos em um mundo democrático, e cada um tem direito a sua opinião e expressão daquilo que pensa e sente.
Assim, e somado a isso, agradeço muito pelo último comentário aqui postado, pois somou idéias ao post, e ao blog, e também trouxe mais diversos elementos válidos de reflexão que poderão muito bem ser abordados em textos futuros aqui.

Muito obrigado!

Anônimo disse...

Realmente este livro é muito bom. Quando eu havia lido antigamente não tinha entendido muito bem. Recentemente li outra vez e parece que fez mais sentido. Se for destrinchar cada frase que ele coloca a princípio parece bonitinho e meio infantil. Mas se você for além é possível tirar inúmeras conclusões sobre um mesmo assunto. Creio que apenas devemos ter cuidado com o que foi escrito, por que cada pessoa interpreta de uma maneira diferente alguns como critica direta e outros apenas como uma opinião alheia. Assim como você não escrevo para provar minha opinião como verdade absoluta, mas como forma de opinião pessoal mesmo.
Abs. André

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